Capelão da Misericórdia

Naquele tempo levantou-se um doutor da Lei e perguntou a Jesus, para O experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?» Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?»

O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao próximo como a ti mesmo.» Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.»

Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?» Jesus respondeu:

«Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas o abandonaram, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante.

Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’

Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?»

Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.» Lc 10, 25-37.

Neste sublime ensinamento de Jesus encontramos o cerne da atividade da instituição que desde há 400 anos vive fazendo o mesmo em Azeitão.

O capelão é chamado a cumprir de modo especial esta missão de Jesus de ensinar, curar e reger. Irmãos, utentes e funcionários.

A pandemia que atravessamos, já desde há 16 meses, dificultou estas tarefas. Ficaram suspensas as visitas aos lares, para famílias e voluntários, chegou a ser suspenso o Centro de Dia, pelo que o trabalho que gostaria de fazer ainda está por concretizar. Experimentamos a compaixão, mas não nos podemos aproximar, devido à pandemia, agora com as novas variantes. Eu e o Pe Ivan, vigário paroquial, temos procurado responder às solicitações ocasionais que nos têm sido feitas.

Gostaria de partilhar a alegria que sinto em poder oferecer os dons de Deus que aliviam, curam e confortam aos irmãos em sofrimento moral ou espiritual. Hoje existem remédios e medicamentos, terapias que permitem enfrentar melhor as doenças e o sofrimento físico que provocam. A graça salvífica de Cristo atua de outra maneira, dando sentido ao sofrimento e tornando-o participante do acontecimento redentor de Cristo na cruz.

Passa por aqui a missão do capelão da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão:

— oferecer aos que sofrem os dons de Deus;

— oferecer a Deus as dores dos que sofrem.

À semelhança do samaritano que ia de viagem: “Vai e faz tu também o mesmo!”

Padre José Manuel Teixeira de Abreu, Capelão da Santa Casa da Misericórdia
Padre José Manuel Teixeira de Abreu, Capelão da Santa Casa da Misericórdia